A cada minuto sete mil beatas vão parar ao chão — vai a nova lei ajudar a mudar comportamentos?

A cada minuto, o mercado mundial produz perto de 11 milhões de cigarros, ou 5,7 biliões todos os anos. Destes, cerca de dois terços são descartados irresponsavelmente em todo o mundo. Em Portugal, a cada minuto, sete mil beatas vão parar ao chão. 

Para além do óbvio problema para o meio ambiente, há também um problema de civismo que é preciso resolver. As beatas do cigarro, para além de não serem biodegradáveis, dependendo das condições atmosféricas e do terreno, vão-se decompondo, nunca na totalidade nem sem antes o filtro libertar cerca de 7000 substâncias tóxicas. Acabam também por se transformar em micro-plásticos e é uma questão de tempo até entrarem no ciclo da água e chegarem à cadeia alimentar.

E se não bastasse para os oceanos e todos os animais marinhos terem que “lidar” com os mais de 8 milhões de toneladas de plástico que lhes chegam anualmente, têm também que suportar aquele que é o poluente n.º 1 — os micro-plásticos — como aquilo em que se transformam as beatas do cigarro, com a agravante de libertarem também uma quantidade gigantesca de poluentes tóxicos.

Com um problema de tamanha dimensão, é preciso que as soluções sejam ainda maiores, não só para o eliminar completamente, mas também para prevenir que volte a acontecer. Felizmente há cada vez mais associações e voluntários que, para além de limparem praias, rios, ruas e estradas, fazem campanhas e lançam projectos com valor e com o objectivo de encontrar soluções. 

Para termos uma ideia mais concreta daquilo que este problema representa, vejamos por exemplo este vídeo, que mostra um daqueles records que ninguém queria ver no livro do Guinness. Acima de um record é uma vergonha…

Passados 11 anos da entrada em vigor da Lei do Tabaco de 2007, hoje ninguém tem dúvidas sobre os benefícios decorrentes da proibição de fumar em locais fechados. Da mesma forma, espera-se que a nova lei que entrou em vigor esta quarta-feira e que pune com coimas quem atirar beatas para a chão venha ajudar a erradicar este flagelo. É pena ser preciso haver uma lei para isto, mas quando mais nada funciona, pois que assim seja, ainda que haja quem diga que é uma lei persecutória e imprópria de uma democracia. Talvez o que seja impróprio de uma democracia seja a aceitação social que há perante o problema.

Pássaro alimenta cria com beata de cigarro numa praia da Flórida, nos Estados Unidos. Crédito: Karen Mason

Como sabemos, não serão as coimas que irão resolver completamente o problema, pois é impossível que a fiscalização esteja em todo o lado. Mas há uma outra forma de fiscalização igualmente eficaz — a nossa reprovação perante quem o fizer. E se esta forma de reprovação não é muito comum no nosso país, a vários níveis, tem que passar a sê-lo! Por nós, pelo ambiente e pelo Planeta!

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