Município de Aguiar da Beira mantém elevadas percentagens de água não faturada e perdida

A ERSAR apresentou recentemente o Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos em Portugal (RASARP 2018). Portugal perde em média 30% da água, mas há municípios que chegam a ter perdas de 80%. Em Aguiar da Beira, a percentagem de água não faturada ultrapassa os 67%. As perdas reais de água no município são de mais de 300 milhões de litros por ano.

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A Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR) divulgou na última sexta-feira o Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos em Portugal (RASARP 2018), que sintetiza a informação mais relevante referente à caraterização do setor no ano de 2017.

O RASARP é editado anualmente em dois volumes; o volume 1 sintetiza a informação mais relevante sobre os serviços de águas e resíduos no ano anterior; o volume 2 sintetiza a informação mais relevante relativa à qualidade da água fornecida aos utilizadores pelas entidades gestoras no ano anterior.

A ERSAR analisou mais de 150 variáveis, através de dados fornecidos pelas entidades gestoras das redes. Uma das que tem mais impacto é a percentagem de água não cobrada, que varia entre os 5,1% e os 76,9%. Se a este valor se somarem as perdas reais e aparentes, há municípios que chegam aos 80%.

No distrito da Guarda, Aguiar da Beira encontra-se no top 3 dos municípios com maior percentagem de água não faturada, ultrapassando os 67%. Pelo outro lado, o município de Trancoso é aquele que apresenta uma menor percentagem de água não faturada, de apenas cerca de 14%.

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Olhando para as percentagens de água não faturada nos últimos 4 anos no município de Aguiar da Beira, vemos que os valores têm vindo a manter-se, o que demonstra uma necessidade urgente em melhorar a rede. Em termos de volume, no município de Aguiar da Beira, a quantidade de água não faturada ascende a 378271 metros cúbicos por ano.

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Mas mais importante do que a percentagem de água não faturada é a percentagem de água que se perde e, neste caso, as perdas reais de água no município ascendem a 304234 metros cúbicos por ano ou 190 litros por ramal a cada dia. Isto equivale a uma perda de água de mais de 300 milhões de litros por ano!

A taxa de reabilitação de condutas no município é de 1,5% por ano, o que está em linha com o que é desejável, mas, tendo em conta o valor das perdas será certamente necessário um esforço acrescido. No que à ocorrência de avarias em condutas diz respeito, o valor apresentado foi de 50 por quilómetro por ano. A taxa de adesão ao serviço é de 76,2 %.

Uma das variáveis mais importantes do ponto de vista do consumidor é a percentagem de água segura que, no município de Aguiar da Beira, tem apresentado valores sempre acima dos 93%, ao longo da última década, o que é um bom indicador. Em 2017 foi alcançado o valor mais elevado e que está também de acordo com os melhores padrões de cumprimento.

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Foi recentemente apresentado o Plano Estratégico de Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais, no âmbito do PENSAAR 2020, onde o governo desafia os municípios a investirem nas redes de água para reduzir perdas. Portugal perde em média 30% da água, mas há municípios que chegam a ter perdas de 80%. Uma das razões para as perdas de água é a falta de manutenção das redes.

O secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, disse que a taxa de reabilitação das redes está “muito abaixo do desejável” e que “o ideal neste tipo de infraestruturas é que a taxa de investimento em reabilitação seja entre 1% a 2% da rede”. “Por cada 100 quilómetros, devia-se substituir um a dois quilómetros de rede. Ora, o que acontece é que a maioria das entidades gestoras está muito abaixo de 1%, sendo que, em muitas delas, é próximo do zero”. Praticamente, “só substituem quando há uma rutura”, conclui.

Para ajudar na tarefa, o governo tem um programa de 40 milhões de euros para esse fim. “É um sinal que esperamos que seja aproveitado por um conjunto de entidades gestoras para começarem a preocupar-se com esta problemática, mas esta é uma verba que não chega para qualquer dos valores que terá que investir um município de natureza urbana da área metropolitana de Lisboa ou do Porto”, sublinha o secretário de Estado.

No total, 54 municípios com problemas de gestão da água já manifestaram interesse em aderirem a um programa para otimizar os recursos. Vão ser criadas ao todo nove entidades gestoras intermunicipais com esse fim.

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